Como eu vou pagar para fazer mestrado ou doutorado no exterior?

Caio VelascoBlog do Doutorado, Blog do Mestrado

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Estudar pós-graduação (mestrado ou doutorado) no exterior não é fácil e caso você queira mirar o mais alto que puder, você precisa de bastante tempo para se preparar. Não tem milagre e nem macete. Porém, é muito importante procurar um bom método de aprendizado e isso é muito difícil de achar por ai e normalmente muito caro.

Vamos lá, como que eu vou pagar o meu mestrado ou doutorado?

Duas Importantes Premissas: Objetivo x Escolha de Curso (Mestrado ou Doutorado)

O pessoal que acompanha meu blog sabe que sempre que escrevo sobre um assunto eu gosto de ser bastante preciso e transparente. Para isso, nada melhor que começar com algumas premissas e definições sobre essa história de como pagar ou como custear meus estudos no exterior?

É bom sempre deixar claro que 90% do que está aqui não é minha opinião, mas sim conhecimentos adquiridos no processo.

1) Qual o seu objetivo?

Bem, de certa forma, eu fiz 2 posts que envolvem esse assunto de objetivo. Um deles fala sobre sobre a importância do ranking no momento que você vai escolher as universidades, enquanto o outro fala sobre quais são suas chances de ser aceito tanto num programa de mestrado quanto num de doutorado.

A ideia central aqui é sempre ter em mente o motivo pelo qual você está procurando estudar fora do país. Existem vários motivos e todos eles são válidos para a história de cada pessoa. Porém, é sempre bom termos consciência da escolha que estamos fazendo e de possíveis desdobramentos. Alguns motivos são:

  • Mudar de área e enfrentar uma nova vida. (esse também é um post)
  • Sair do país por motivos pessoais que você considera importante. (crise, tá de saco cheio, quer novos ares, …)
  • Buscar lugares renomados para fazer suas pesquisas, pois lá a fronteira da pesquisa vem até você e não o contrário.
  • Ganhar uma marca de excelência para subir ainda mais no mercado de trabalho (privado ou público).
  • E por ai vai…

Normalmente, pelo que vejo por aí, cada objetivo está bastante correlacionado tanto ao momento atual de vida da pessoa quanto ao meio social em que essa pessoa vive (e portanto os conhecimentos adquiridos no meio). Vou dar alguns exemplos, mas antes, deixa eu falar um pouco sobre informação assimétrica. Hã? Que parada é essa, tá maluco? Não to não! Presta atenção.

Na Economia, a gente aprende sobre informação assimétrica. Com o bem da licença poética, vou adaptar bastante aqui. Um dos fatores mais cruciais que eu percebo na minha própria na vida é que, por eu ter vindo de uma família normal de classe média no Rio de Janeiro, eu nunca recebi o que eu chamo de respostas da vida na hora que eu estava tomando uma decisão. Se eu tivesse nascido numa família de engenheiros, ou advogados, ou médicos, ou economistas, com certeza eu teria tido informações que me fariam errar MUITO menos no caminho.

A assimetria de informação presente na vida de muitos de nós, nos fazem alocar nosso tempo de vida em caminhos que não necessariamente nos trazem a máxima eficiência. Podem trazer um grande amor, uma experiência que só você tem ou qualquer outra coisa, mas possivelmente não foi um fator otimizador da sua busca, seja ela qual for. No meu caso, eu gostaria de voltar 10 anos na minha vida e ter feito outro curso, caso eu tivesse as devidas informações. Mas muitas experiências nesse caminho me permitiram ser quem sou, portanto, nunca saberemos…

Bem, e o que isso tem a ver com as bolsas de mestrado ou doutorado? Tudo. Pois o que eu farei nesse post (e em todos os outros) é minimizar a assimetria de informação nesse momento de sua vida que você está buscando estudar fora. Conforme for, essas informações podem fazer você mudar completamente de trajetória ou repensar suas próximas ações.

2) Dado que você tem um objetivo, será que você consegue alcançá-lo fazendo um mestrado ou doutorado no exterior?

Obviamente não quero desmotivar ninguém, ainda mais pois quero vender o MePrepara Curso Online para mais pessoas! Mas eu acredito em ajudar as pessoas antes de ganhar dinheiro. Portanto, essa á a hora de você refletir em todos os pontos que estão ao redor de estudar no exterior e grana é muito importante.

i. Como eu pago pelo mestrado? (Doutorado é outro bicho, está mais abaixo)

Primeiro, vamos atestar o seguinte aqui:

BOLSA DE ESTUDOS PARA MESTRADO NO EXTERIOR É EXTREMAMENTE INCOMUM

Na maioria dos casos, a estratégia de negócio, principalmente nos Estados Unidos, é que os milhões que saem do bolso dos alunos de mestrado servem para bancar os alunos de doutorado e outros custos da universidade.

Há algumas formas de bancar seus estudos e todas possuem riscos atrelados:

a) Bolsa de Estudos de alguma instituição no Brasil

Há algumas instituições, como a Fundação Estudar, Fundação Lemann e Instituto Ling que apoiam bolsistas com bolsas que pagam desde o tuition da escola (ou seja, a anuidade da escola) até aquelas que cobrem tanto o tuition quanto sobra para você pagar o aluguel e a comida.

O problema é que para ser aceito nessas instutições você precisa ser uma pessoa bastante diferenciada (graduação em escola renomada por ter passado em vestibular concorrido, notas altas, medalhas em olimpíadas, fellow ou bolsista de alguma fundação renomada, empreendedor que está dando certo, um aluno que se dedicou bastante, um aluno que hoje trabalha em lugares valorizados no mercado privado ou público e etc).

b) Bolsa de estudos das universidades

Normalmente, as universidades, sejam elas americanas ou européias (ou outras), podem te dar bolsas need-based (depois que você é aceito, baseado no imposto de renda de sua família, elas percebem que você não tem a menor chance de pagar e te oferecem bolsas que pode ir de míseros 10% até 100%) ou merit-based (baseado nos critérios da universidade que te aceitou, elas te dão bolsas por mérito academico ou profissional que também vão de míseros 10% até 100%). Saiba que bolsa de estudos de 100% para mestrado é um ou outro só que ganha. Conheço brasileiros geniais (medalhistas de olimpíadas, empresas renomadas, etc) que ganharam apenas 50% (merit-based) e outros com outras características que ganharam mais.

E isso varia bastante. Tem univerisdades que não são muito prestigiadas (e isso tem uma correlação positiva com menos oportunidades futuras) que oferecem excelentes bolsas para alunos e tem universidades muito prestigiadas que não oferecem nada (mas abrem portas futuras para você). Então, esse trade-off é sempre um risco. Não existe resposta mágica. A pergunta que você deve fazer é: O que eu consigo suportar na minha caminhada rumo ao meu objetivo? Quem consegue me ajudar financeiramente nessa caminhada? O que vou ganhar futuramente com isso é maior do que os custos envolvidos (emocionais, financeitos,…)?

c) Bolsas de estudo do governo Brasileiro

Tanto a CAPES quando o CNPq costumam ter bolsas para mestrados e principalmente para doutorados. Mas como isso muda muito dependendo da conjuntura política e econômica do país, não vou entrar em detalhes.

Riscos associados:

  • Ter que voltar ao Brasil depois. Isso pode ser um problema se você conhecer alguém do exterior e casar (conheço um caso de uma pessoa que pagou tudo de volta ao governo, porém o governo quer obrigar essa pessoa a voltar para o Brasil independentemente disso). Isso pode ser um problema se você estiver com um empréstimo em dólar para pagar sua universidade e tiver que voltar par ao Brasil (com ou sem crise vai sempre ser um problema). Se nada disso for um problema, ótimo, siga em frente.

d) Bolsas de estudo do governo do país ou de instituições internacionais

Existem diversas opções, mas claro, como sempre você precisa ter algum destaque. Não precisa ser um gênio, lógico que não, mas quem consegue bolsas de estudo são pessoas que são melhores que a média e que correm atrás de seus objetivos.

Exemplos: Orange Tulip na Holanda, Endeavour na Austrália, Eiffel na França, Chevening no Reino Unido, MEXT no Japão, etc.

e) TA (Teaching Assistant) ou RA (Research Assistant)

TA ou RA são duas posições acadêmicas que nós conhecemos com monitor de uma disciplina ou assistente de pesquisa de um professor. Dependendo da universidade, você pode ganhar até $30.000 (dólares americanos) por ano só para ser TA ou RA. Isso mesmo, dinheiro para caramba! Mas isso não é normal, porém é verdadeiro.

Riscos associados:

  •  No mestrado, isso não é garantia nenhuma. Normalmente, são os americanos que conseguem isso em algum semestre (ou trimestre) no primeiro ano do mestrado. Alunos internacionais normalmente conseguem depois do primeiro semestre (ou trimestre) no primeiro ano ou somente no segundo ano. Isso acontece, pois quem decide é o professor da pesquisa ou da disciplina. E para isso, você tem que ser um excelente aluno! Nada vem de graça nessa vida.
  • Tem universidades que dão fee remission (ou seja, você ganha abono da mensalidade no período exato que você é TA ou RA) dependendo da carga horária semestral (ou trimestral). Por exemplo, em UCLA, o TA não paga a universidade e ganha algo que varia entre $1600 e $2200 por mês.
  • Você compete com os alunos de doutorado. Quando um aluno é aceito no programa de doutorado o normal, além do aluno não precisar pagar a universidade (é bem normal) ele recebe uma bolsa anual para X anos, onde X pode variar de 1 ano até 5 anos (que é o tempo comum de conclusão nos EUA). Porém, a maioria dessas bolsas estão ligadas ao fato de você ter que ser TA ou RA durante esses anos, pois a sua carta de aceitação é um contrato mesmo (falo mais abaixo sobre isso). Portanto, sempre que um aluno de mestrado que ser TA ou RA, ele estará competindo internamente com as centenas de alunos de doutorado, o que torna o processo muito difícil, porém nao impossível.

f) Crowfunding Online

Bem, existem algumas plataformas online onde pessoas ou instituições basicamente pedem doações. Normalmente são pessoas que conquistam alguma coisa legal (como passar em alguma universidade muito boa), mas não tem como bancar tudo ou um pedaço. A história que eles contam normalmente são capazes de sensiblizar o leitor, que então doa algum valor. O que tenho percebido é que ou a pessoas já está inserida num meio onde ela (ou amigos dela) possuem muitos contatos (pessoas físicas ou jurídicas) e portanto consegue alcançar a meta ou perto da meta. Os casos de pessoas que não possuem contatos, provavelmente possuem uma história bastante diferenciada ou, por meio desta história diferenciada conseguem atrair mídia e pessoas influentes que os ajudam bastante.

Riscos associados:

  • Como a pessoa normalmente já passou no programa de sua escolha, o único risco é não conseguir o dinheiro todo. Daí, se isso acontecer contigo, volte para os outros tipos de bolsa descritos acima e continue tentando.

ii. Como eu pago pelo Doutorado? Aliás, por acaso eu pago por um Doutorado?

a) Em 99% dos casos (não é um número verdadeiro, mas realmente é a maioria) ninguém paga por um doutorado, pois não faz sentido no core business do doutorado.

O que quero dizer é que o core business de um doutorado é encontrar o melhor aluno possível dentre todos os que aplicaram para trabalhar com um professor durante em média de 5 anos (nos EUA) e 4 (na Europa) e possivelmente co-autorar pesquisas com o professor. O aluno de doutorado é basicamente visto como um profissional da universiadade que está a caminho de se tornar um professor pesquisador.

b) Quando você é aceito, você recebe um contrato junto com a carta de aceitação.

Quando você é aceito no doutorado, você recebe um “contrato de trabalho” que indica:

  • Que você não paga a universidade. Nenhum aluno de doutorado paga mensalidade/anuidade (tuition). Existe, porém, infelimente, tenho a tendência a dizer que isso não é bem visto. Numa comparação bem ruim é como jogar num time de futebol por ser o dono da bola. (Isso não é minha opinião, é o que inúmeros sites e pessoas da área dizem).
  • O valor sua bolsa anual, chamado de Stipend.
  • Por quantos anos sua bolsa vai durar e em que ano ela começa. Sim, infelizmente, tem universidades e cursos que, por exemplo, não dão bolsa no primeiro ano e, independentemente disso, podem valer por 3, 4, 5 ou até 6 anos.
  • A contrapartida da bolsa, ou seja, é muito normal você ser obrigado a ser um TA (Teaching Assistant) ou RA (Research Assistant) durante o período vigente de sua bolsa. Isso também varia bastante e é bem normal não ter essa obrigação no primeiro ano, já que eles sabem que você vai se matar para estudar suas matérias.
  • O valor da bolsa, normalmente, varia de $20 Mil por ano até $45mil por ano e isso depende de muitas variáveis (se o curso é renomado na sociedade – como engenharia, economia, computer science…, se é uma universidade privada ou pública, se a universidade é boa no ranking ou não, etc). Agora, já vi casos absurdos como menos que $10 mil por ano, que não dá para pagar nem o aluguel.

c) Então, vou fazer um dotorado, óbvio!!!

Mas não é assim meeeesmo! Pelos seguintes pontos:

  • A tendência de fazer um doutorado é, implicitamente, para quem adorava estudar. A pesquisa é o objetivo fim, mas o caminho são os estudos. Então, se você pensa em fazer um doutorado no lugar de um mestrado, saiba que quem é aceito são as pessoas que estão prontas para isso.
  • Realmente é muito mais fácil mudar de país (ou até mudar de país e levar a família) se você for aceito num doutorado. Agora, não acho que seja viável tentar um doutorado baseado nessa premissa, pois lembre que o processo de universidades boas (que normalmente te ofereecerão uma bolsa decente, o que por sua vez te premitirá pagar o seu 0 ou da sua família – aluguel e comprar a sua comida) é extremamente seleto e só entra quem foi feito para isso. Portanto, as pessoas que conseguem isso possuem já essas características, não deixe isso te cegar!
  • A vida após  o doutorado é muito simples:
    • Existem alguns tipos de categorias de professor, mas não entrarei em detalhes. No geral, a dificuldade de se tornar um segue a seguinte ordem: Full Professor > Associate Professor > Assistant Professor > Adjunct Professor ou Lecturer. Se você tem interesse, eu aconselho procurar no google mais informações.
    • Você pode tentar ser professor/pesquisador no exterior. Mas a proporção de vagas em relação à quantidade de doutores é muito pequena. Portanto, as vagas necessariamente são preenchidas pelos melhores e normalmente os melhores vem das melhores universidades. Esse assunto é bizarro, procure no google sobre “the life of a tenure-track professor” e você entenderá sobre o que estou falando.
    • Você pode voltar para o Brasil com o título de uma universiadade mega-top ou uma muito boa. Isso sem dúvida te destaca do mercado acadêmico em geral. Porém, você só tem dois caminhos: concurso público para universidades ou trabalhar em univerisades privadas. Em ambos os casos, a história é a mesma, sempre os melhores conseguem os melhores trabalhos. Então, procure saber com quem já é professor e se informe!
    • Você pode trabalhar no exterior no mercado privado não-acadêmico (indústria, consultoria e etc). Da mesma forma, suas chances aumentam absurdamente quando você fez um universidade mega-top. Se você não tiver cidadania do país de seu interesse, tenho a tendência a dizer que você nao terá chances, a não ser que variáveis externas da sorte estejam ao seu favor.
    • Você pode trabalhar no Brasil no mercado privado não-acadêmico (indústria, consultoria e etc). Em certo grau, dependendo da área, você muito bem preparado (talvez melhor que muitos Brasileiros que não estudaram fora). Porém, lembre-se que no Brasil é difícil você ganhar proporcionalmente à valorização do seu título.
    • Você pode trabalhar em institutos de pesquisas como pesquisador, mas pelo que eu conheço a seleção é a mesma do que já foi falado acima (e abaixo).
    • Você pode tentar aumentar todas as chances acima fazendo tentando fazer pós-doutorado (post-doc) em lugares que sejam o mais renomado o possível. O salário é basicamente o mesmo de um aluno de doutorado, normalmente um pouco mais. Tem gente que faz até 3 anos de pós-doutorado em lugares diversos até conseguir algo legal no exterior.

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Lembre-se que seu caminho é você quem faz, mas dependendo de onde quer chegar, esse objetivo pode ser mais difícil de alcançar. Então, vamos sentar e estudar, a hora é essa!

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